quarta-feira, 30 de maio de 2012

Edgar Morin e a reforma da educação

Edgar Morin discute em seu livro A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento a necessidade de se empreender a reforma do pensamento por meio da alteração da forma de ensinar. Ao longo da obra, o autor relaciona conceitos como educação, que para ele é o uso de meios para garantir a formação e o desenvolvimento de um ser humano, e ensino, “arte ou ação de transmitir os conhecimentos a um aluno, de modo que ele os compreenda e assimile” (MORIN, 2003, p.11). Ambos os conceitos apresentam exageros e limitações, pondera Morin. Por isso, sua tarefa é alcançar um conceito mais abrangente, denominado pelo autor de ensino educativo.

Em linhas gerais, o autor defende que o ser humano, para se transformar em sujeito, precisa ultrapassar as suas características biológicas e alcançar um conhecimento complexo. O ensino educativo auxiliará nessa ultrapassagem, pois não convém mais a propagação de cabeças cheias pelo excesso de informação, tendo a educação com mero processo transmissor. Ao contrário, atualmente espera-se o fomento de cabeças bem-feitas, originadas de relações dialógicas, participativas.

Vale destacar que a abordagem de Morin se mostra bastante ampla. Ele abarca tanto o caráter subjetivo da educação, como a importância desta para o coletivo. Isso pode ser percebido em seu capítulo A aprendizagem cidadã em que ele relacionará o objeto estudado com os conceitos Estado-nação, Solidariedade, Sociedade, Comunidade, Identidade, entre outros. Essa síntese pode ser percebida no trecho extraído de sua obra:

"A consciência e o sentimento de pertencermos à Terra e de nossa identidade terrena são vitais atualmente. A progressão e o enraizamento desta consciência de pertencer a nossa pátria terrena é que permitirão o desenvolvimento, por múltiplos canais e em diversas regiões do globo, de um sentimento de religação e intersolidariedade, imprescindível para civilizar as relações humanas (ONGs, Sobrevivência  Internacional,
Anistia Internacional, Greenpeace etc. são pioneiros da cidadania terrena).

Serão a alma e o coração da segunda globalização, produto antagônico da primeira, que permitirão humanizar essa globalização. Existe uma correlação entre o desenvolvimento de nossa consciência de humanidade e a consciência de nossa  pátria terrena. A
pátria terrena comporta a salvaguarda das diversas  pátrias, que podem, muito bem, enraizar-se em uma concepção mais profunda e mais vasta de “a pátria”, desde que sejam abertas; e a condição necessária a essa abertura é a consciência de pertencer à Terra-Pátria." (Ibidem, p.73).

Morin possui outros livros que versam sobre o mesmo tema. Entre eles está o Os Sete saberes necessários à educação do futuro.

O autor
Edgar Morin (Paris/França, 8 de Julho 1921), é antropólogo, sociólogo e filósofo. Pesquisador emérito do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS).

Formado em Direito, História e Geografia, realizou estudos em Filosofia, Sociologia e Epistemologia. É autor de mais de trinta livros, entre eles: O método, A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento, Introdução ao pensamento complexo, Ciência com consciência e Os sete saberes necessários para a educação do futuro.

É considerado um dos principais pensadores contemporâneos e um dos principais teóricos da complexidade.

Referência bibliográfica

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 8ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

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